Os funcionários da administração estatal passarão a circular entre serviços para evitar relações de proximidade com o meio envolvente e os presentes que lhes sejam oferecidos por utentes, quer sejam em espécie ou em dinheiro, vão ter um valor máximo a partir do qual têm que ser recusados. Já que se fala de combate à corrupção, porque não desviar as atenções para os mal amados funcionários públicos e aproveitar para ainda lhes “malhar” mais nas suas condições de trabalho? Não digo que não existam casos de pequeno suborno na Administração Pública. A cunha está bem implantada como hábito enraizado na nossa cultura e a AP não será excepção. O fenómeno poderia ser combatido seguindo a mesma lógica que é seguida em carreiras como as magistraturas ou os detentores de cargos políticos, nas quais se tenta minimizar a permeabilidade dos seus titulares a este tipo de esquemas com melhores remunerações e regalias. Mas não. À opção que foi tomada nesta legislatura de desmantelar carreiras e embaratecer o factor trabalho na função pública parece vir agora somar-se uma mobilidade forçada, quando nem sequer é esta corrupção de tostões a questão em foco. Mas pode ser que até resulte no objectivo que já se percebeu ser um dos principais: deixar em paz a bem amada corrupção dos milhões.
Publicado em O país do Burro
Nota: na semana passada a minha colega aceitou um saco de grelos e deu-mo. Quem é corrupto aqui? A simpática da utente, a querida da colega... ou eu que fiquei com os grelos?
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixe a sua questão ou a sua opinião!
Os comentários são moderados! E os que contenham spam publicitário, insultos ou linguagem menos própria serão removidos.