19/04/10

Prejuízos dos hospitais sobem para 295 milhões

No ano passado, os prejuízos dos hospitais públicos com gestão empresarial dispararam 40%, para os 295 milhões de euros. Em 40 hospitais de todo o país, apenas 13 apresentam resultados positivos. As unidades da Região de Lisboa são as piores.

Em 2008, os prejuízos dos hospitais EPE (Entidade Pública Empresarial) atingiam os 213 milhões de euros. Segundo dados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), ainda provisórios, no ano passado, os prejuízos subiram para os 295,1 milhões de euros. Os hospitais têm até ao final deste mês para apresentar os relatórios e contas, mas os números não andarão longe da estimativa, a que o JN teve acesso.

A ACSS prevê que os custos dos hospitais, na ordem dos 5050 milhões de euros, se sobrepõem aos proveitos de 4759 milhões.

O presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, admite que os números "não são famosos". Lembrando que ainda não há dados consolidados, Pedro Lopes justifica a tendência de agravamento dos resultados dos hospitais com o aumento dos custos com pessoal - em 2009, os salários da função pública cresceram 2,9% - com os custos com medicamentos e a diminuição das dotações financeiras.

O JN tentou contactar o Ministério da Saúde, mas não obteve resposta em tempo útil.

O Centro Hospitalar (CH) Lisboa Central (que junta os hospitais de S. José, Capuchos, Desterro, Santa Marta e D. Estefânia) é o que apresenta mais prejuízos (33,1 milhões de euros). A administração diz que os resultados "foram melhores do que os previstos e contratualizados com a tutela, apesar da pressão de crescimento da despesa", referindo-se aos recursos humanos e medicamentos, entre outros.

O CH Lisboa Central critica os mecanismos de financiamento existentes por não se ajustarem a uma instituição que agrega quatro hospitais dispersos, "a funcionar em instalações adaptadas de antigos conventos, com constrangimentos vários, além de custos de manutenção e conservação elevados" e dando resposta, em muitos casos, a todo o Sul e ilhas.

O Centro Hospitalar do Porto, (CHP) com um prejuízo de 31,7 milhões de euros, é o segundo com piores resultados. De 2008 para 2009, as contas agravaram-se sete milhões de euros. Pedro Esteves, presidente do Conselho de Administração, reconhece que os números "não são bons". Explica, no entanto, que há 10 milhões de euros que não são despesa do hospital porque correspondem ao pagamento de pensões de funcionários aposentados que deviam estar sediados na Caixa Geral de Aposentações.

Pedro Esteves justifica ainda os números com o aumento dos salários e dos custos com medicamentos e material de consumo clínico, associados a um crescimento da produção e a novas terapêuticas "mais eficazes mas mais caras". A suspensão das verbas de convergência ao CHP, em 2008 e 2009, também contribuiu para que os prejuízos disparassem nos últimos anos.

Jornal de Notícias, 19 Abril de 2010

Sem comentários:

Enviar um comentário

Deixe a sua questão ou a sua opinião!

Os comentários são moderados! E os que contenham spam publicitário, insultos ou linguagem menos própria serão removidos.