José Sócrates
... ganhou as eleições, apesar de ter perdido a maioria absoluta e 24 deputados - uma brutalidade. Mantém-se no poder, ao contrário do que parecia há apenas três semanas, mas está muito fragilizado.
Sócrates tem pela frente dois anos - o prazo de validade deste governo - de extrema dificuldade.
Politicamente, tem uma mão cheia de adversários. Em Belém, Cavaco ainda não clarificou se tem ou não uma granada para rebentar - embora seja de prever alguma hostilidade.
Num Parlamento sem maioria, terá de negociar medida a medida - o que não lhe está no sangue -, a começar pelo Orçamento do Estado, já em Janeiro.
E no país real terá de gerir uma situação económica explosiva: o desemprego continuará a aumentar - esperam-se mais cem mil pessoas sem trabalho; o aliado espanhol, principal destino das exportações, permanece nos cuidados intensivos; os juros vão subir; a dívida pública atingiu números pornográficos e o défice está em roda livre.
Não bastará dizer que as finanças públicas estão sob controlo, Sócrates terá de o provar. Como? Os apoios extraordinários à economia terão de ser cortados, se não em 2010, pelo menos em 2011.
Não há milagres: os cofres públicos estão sujeitos a uma tremenda pressão, empresas e pessoas não aguentam mais impostos.
Sócrates terá de conseguir a quadratura do círculo: passar de um ciclo de intervenção do Estado para outro onde a iniciativa privada recupera o pé. Será possível?
Com 29 deputados perdidos, quem serão os aliados?
Para já, só há adversários. E o Freeport anda por aí...
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