02/03/11

Corte de credenciais para o transporte de doentes não urgentes

Protestos contra o corte de credenciais para o transporte de doentes não urgentes.

Um caso real:

Palmira Lopes, de 53 anos, é doente oncológica e foi operada, há cerca de cinco anos, ao cancro da mama e Manuel Lopes, de 62, sofreu um AVC isquémico, há três anos, que lhe deixou marcas que ainda hoje “são difíceis de apagar”, tendo grandes limitações de locomoção.

Após ter sido sujeita à cirurgia do cancro da mama, Palmira necessita de estar constantemente vigiada e “só este mês fui a três consultas de oncologia, fisiatria e estomatologia”, referiu a doente, adiantando que já tem outra de oncologia marcada para 11 de Março. Contudo, as viagens para o próximo mês não devem estar ainda totalmente agendadas porque “devo ter outra de estomatologia devido a um quisto numa gengiva”, lamentou Palmira Lopes, explicando que está “a ser acompanhada pelo médico”.

Por seu lado, o seu marido faz fisioterapia em Estremoz para recuperar, tanto quanto possível, a sua mobilidade, mas necessita de se deslocar a Évora para consultas, embora seja apenas uma vez trimestralmente. Manuel Lopes desconhece, ainda, quem lhe assegurará o transporte para o futuro, pois, como garante, já foi avisado “que para a próxima consulta não sabem se poderão passar as credenciais”.

No entanto, o futuro não deve guardar, infelizmente, grandes surpresas para Palmira. Durante a semana passada dirigiu-se ao seu médico para pedir novas credenciais de transporte, mas disseram-lhe que teria de contactar a assistente social. Esta, por sua vez, transmitiu-lhe “que só poderia passar para quimioterapia, radioterapia ou para casos em que a pessoa não consiga mesmo deslocar-se”, referiu a doente oncológica.

Para complicar “as contas ao casal”, e apesar de possuírem viatura própria, Manuel Lopes não está em condições de conduzir e, tão pouco, de viajar em transportes públicos. Assim, sempre que Palmira “apanha” o autocarro para poder assistir às consultas ou tratamentos na unidade hospital em Évora tem de o fazer sozinha.

Durante o longo período de tempo que se ausenta do seu lar, Palmira está sempre com “o coração nas mãos”, uma vez que Manuel fica sozinho na residência e, embora tenha grandes dificuldades em se movimentar, terá que se deslocar pelos seus próprios meios durante todo o dia.

O casal aufere cerca de mil euros mensais, mas como tem que suportar a renda da casa, as despesas correntes e a medicação de Manuel, “que é muito cara”, pouco “sobra ao final do mês”.

Se a estas despesas tiveram, como tudo indica, que acrescentar as de transportes, Palmira e Manuel Lopes salientaram que a sua “própria saúde deverá estar em causa” e que “de certeza não poderão fazer todas as deslocações necessárias para realizarem todos os cuidados médicos”.

“Se tivermos de pagar táxi sempre que temos consultas não podemos ir a todas. O que comemos depois?”, questionaram. Ler mais...

2 comentários:

  1. Segundo um jornal local, uma senhora de Estremoz,a quem os serviços de saúde locais ano terão concedido transporte para efectuar tratamentos regulares em Lisboa, tera obtido credencial através do hospital da capital. Resultado: O estado suporta agora o custo de quatro viagens da ambulância que vai de Lisboa a Estremoz buscar a doente regressa com a mesma, vai deixa-la a casa e regressa de novo a Lisboa. Isto sim e que e poupar! Nao garanto a veracidade da historia mas pelo menos e assim que e contada no "Brados do Alentejo" na edição de hoje.

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  2. Fica mais caro sim mas passa a custo do hospital e não do centro de saúde. A isso chama-se dano colateral. É o Despacho 4/89 a funcionar em pleno: quem gere a despesa é responsável por ela. Mas quem gere deve gerir bem e para esse serviço bastava contactar uma ambulância mais próxima da residência do utente.

    Quanto aos cortes em si, os taxistas foram excluídos das negociações e as ambulâncias ficaram com a totalidade dos serviços, embora os táxis tenham começado com o transporte de utentes por falta de capacidade das ambulâncias.

    Temos utentes que se limitam a culpabilizar os funcionários e os que recusam a ambulância. Mas também temos credenciais que aparecem "milagrosamente" carimbadas para cobrança de deslocações que não foram realizadas.

    Comportamento assertivo tem uma responsável que, nesse jornal, tece duras críticas às declarações proferidas pela ministra da Saúde quando esta justificou que a decisão dos cortes nas credenciais "é uma forma de evitar abusos, pois os doentes iam fazer fisioterapia e depois iam às compras". Esta afirmação "é uma ofensa à inteligência da população portuguesa e um atentado à dignidade do ser humano!"


    Ainda vamos assistir a muita coisa! Isto promete. Mas entretanto o Estado poupa uns milhões no corte destas comparticipações e ganha com a falta da necessidade de funcionários para a conferência destas cobranças ao SNS.

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