A respeito das novas regras de comparticipação dos medicamentos, veio anunciar a descida do preço dos medicamentos. Tudo bem até percebermos, sem muito esforço, que a descida se fica apenas pelos gastos do Estado e não em relação aos utentes.
O governo decidiu esta semana aprovar uma descida administrativa dos preços dos medicamentos ao mesmo tempo que em Conselho de Ministro aprovava um corte na comparticipação de todos os medicamentos, incluindo aqueles com comparticipação de 95 e 100%. Isto significa que todos aqueles idosos e pensionistas com rendimentos muito baixos e que no ano passado viram o Estado conceder-lhes medicação crónica a custo zero, bem podem contar os tostões pois vão voltar a pagá-los. Curioso que esta medida tenha durado apenas um ano. Mais curioso ainda saber que ela foi aprovada poucos meses antes das eleições de Setembro de 2009. E é aqui que está o regabofe da Ministra – ela mesma responsável pela salutar medida do ano passado – é agora o carrasco de mais de um milhão de doentes crónicos e pelo aumento de 60 milhões de euros anuais em encargos para os utentes do SNS.
E os que mais sentirão o peso desta medida serão os mais crónicos e os mais doentes de todos: os doentes de Parkinson, os doentes epilépticos, os diabéticos, os portadores de doença psiquiátrica, entre muitos outros. E se pensarmos que, em Portugal, os médicos ainda detêm o poder de “trancar uma receita” – impedir que o doente opte por medicamentos de outra marca e mais baratos – imaginem o que acontece aos bolsos de todos estes doentes crónicos se tiverem a infelicidade de ver o seu médico optar por medicamentos mais caros, que são justamente aqueles que mais verão a comparticipação reduzida.
Mas o regabofe é maior ainda quando percebemos que tudo isto veio de um partido que nos últimos meses se fingiu de “dama ofendida” com a revisão constitucional de Passos Coelho e o ataque ideológico ao serviço público de saúde. Foi vê-los, nos últimos meses, liderados por Correia de Campos (imagine-se, um dos piores inimigos que o SNS teve nos últimos anos) a levantarem as vozes contra o facínora da direita que queria destruir o que eles construíram. Ler mais...
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