Os serviços de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Garcia de Orta, em Almada, ficaram desfalcados com a abertura do novo hospital de Cascais - unidade pública que é a primeira a abrir no país com gestão privada em regime de parceria -, que ali foi recrutar médicos oferecendo-lhes, "no mínimo, o dobro dos seus salários". O director do Serviço de Ginecologia acaba de ser afastado das suas funções. Justificação da administração? Não conseguiu cativar os médicos.
"O problema era previsível e já há quatro anos que os conselhos de administração do Garcia de Orta, este e o anterior, vêm sendo alertados para a espectável saída de médicos atraídos para aquela unidade", lembra Manuel Hermida, ex-director do Serviço de Obstetrícia do Garcia de Orta, que apresentou o seu pedido de reforma antecipada em Dezembro, aos 58 anos, por "verificar que, ao longo dos últimos anos, nada foi feito para resolver a situação".
Os avisos tornaram-se realidade e o hospital de Cascais, que foi inaugurado em Março em regime de parceria público-privada - o acordo prevê gestão privada por dez anos, renovável até aos 30, pelos Hospitais Privados de Portugal, do Grupo Caixa Geral de Depósitos -, conseguiu atrair os oito médicos que saíram do Garcia de Orta (dois obstetras e seis ginecologistas), oferecendo-lhes, "no mínimo, o dobro dos seus salários", diz Hermida.
"Este conselho de administração e o anterior nada fizeram", critica Hermida. Pelo contrário, diz, denunciando a cessação de comissão de serviço do médico director do Serviço de Ginecologia, Hélio Retto, com as alegações de que não "teria tido capacidade para reter os médicos". O afastamento aconteceu na semana passada e Hermida considera que o médico "foi usado como bode expiatório. Se alguém tem culpa pela saída dos médicos é o conselho de administração".
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