09/05/10

Quando a nossa vida está em sério risco, que o SNS nos salve...

Seguros de Saúde

Sendo que tenho algum conhecimento sobre a área e tendo estado presente numa actividade onde esta questão foi abordada (embora paralelamente), gostava de realçar alguns pontos sobre esta matéria:

-A esmagadora maioria dos seguros de saúde em Portugal não são seguros de substituição ao SNS mas sim "seguros de conforto". Basicamente servem para os seus detentores poderem resolver problemas de pequena monta evitando, por exemplo, as listas de espera do SNS.
-Para as questões de saúde altamente diferenciadas, a medicina privada em Portugal é incapaz de responder pois não tem meios técnicos ou humanos para o fazer. Salvam-se alguns casos concretos de hospitais muito bem apetrechados, embora não em todas as áreas e geralmente não cobertos pelos seguros de saúde habituais. Falo, por exemplo, de trauma grave.
-O número de segurados que efectivamente usam o seu seguro de saúde é bastante mais baixo do que o anunciado. Isto deve-se ao facto de os números totais incluírem, por exemplo, todos aqueles "mini-seguros" que vêm com os cartões de crédito.
-Num seguro vocês estão a segurar a vossa saúde actual: se ela é pouca... Isto quer dizer que problemas actuais são geralmente excluídos. E com arte por parte da companhia, tudo o que é caro pode ser atribuído a problemas passados, responsabilidade do segurado, etc.
-Ai estão a ficar velhinhos e a aproximarem-se da idade de ter doenças? Não renovamos a apólice, ou só o fazemos anualmente.

Por último, algumas notas sobre as maternidades privadas:
-Apesar do que vos dizem, nenhuma delas está tão bem apetrechada como uma maternidade pública. Se o recém-nascido tiver que ir para uma unidade de cuidados intensivos tem que ser obrigatoriamente transferido para uma maternidade pública.
-Os valores cobertos para internamento em maternidade são muito baixos: se for uma coisa mais grave e o recém-nascido tiver que estar internado mais dias do que o plafond, ao fim deste tempo ou os pais pagam do próprio bolso o a criança vai dar uma volta de ambulância até à maternidade pública que tiver vaga para o acolher.
-Qualquer transferência representa um risco de vida para o recém-nascido e mãe.

Concluindo: para as coisas corriqueiras (independentemente do grande impacto que têm na qualidade de vida das pessoas) a medicina privada é uma alternativa capaz e muito convidativa para quem procura mais conforto. Já quando a nossa vida está em sério risco, que o SNS nos salve...

Sem comentários:

Enviar um comentário

Deixe a sua questão ou a sua opinião!

Os comentários são moderados! E os que contenham spam publicitário, insultos ou linguagem menos própria serão removidos.